segunda-feira, março 31, 2008

O regresso!

Apesar de tudo hoje foi bom regressar à ESCOLA!

O assunto Carolina Michaelis não foi abordado por nenhum dos alunos ( ainda bem ), as aulas decorreram com normalidade.

Durante as férias tinha feito aos meus alunos uma propostas com base no trabalho efectuado no dia 13 de Março e que na altura tive a ocasião de postar aqui.

Propus-lhes que fizessem cartazes com base nos que aparecem no vídeo do Bob Sinclar. Pensei eu que me apareceriam 2 ou 3 em cada turma e de alguma simplicidade.
Pois há momentos em que podemos ser surpreendidos pelos nossos alunos. Hoje foi um deles!!!
Na maioria das turmas quase todos os alunos fizeram este trabalho voluntário. Fizeram-no de livre vontade e causaram-me um problema de fácil resolução. Tive que montar à pressa uma exposição.

Posso garantir-vos que me apareceram coisas giríssimas. Conseguiram surpreender-me os meus alunos, principalmente a turma com quem tenho um relacionamento um pouco mais difícil.

Amanhã vou tirar umas fotos dos trabalhos que postarei aqui. Valem a pena.

Hoje foi mesmo muito bom regressar à ESCOLA.

Etiquetas: , , ,

domingo, março 30, 2008

Porque será...

... que até a Primavera está triste???

sábado, março 29, 2008

Sucesso Escolar na Finlândia

Ao blog a Sinistra Ministra fui buscar este vídeo que compara o Sistema Educativo Finlandês com o Sistema Americano (muito mais semelhante ao nosso que poderiamos julgar)
Vejam com atenção. Muito interessante mesmo.




O resto da explicação para o sucesso aqui.

Etiquetas: , , , ,

sexta-feira, março 28, 2008

Um dos melhores textos que já li sobre a Classe dos Opinadores versus Classe dos Professores

Do blog do Paulo Guinote e com permissão deste aqui vai:
Leiam que vale a pena!

O Professor Do Ensino Básico E Secundário, Esse Ser Mítico
Posted by Paulo Guinote under Bílis Pura, Educação, Silêncio .


E raramente visto fora de reportagens do tipo «National Geographic investiga as vítimas da brutalidade escolar ou os agentes malvados do insucesso».

Já repararam que, com aquela desculpa de para falar de Educação não ser necessário ser professor, quase sempre quem fala sobre o dito assunto é advogado, psicólogo, empresário, investigador, neurocirurgião, político ou aquele senhor que nós conhecemos mas não sabemos bem o que faz, assim como a outra senhora bem falante que escreve para os jornais?

As professoras e professores têm tempo de antena enquanto agentes da descrição dos factos. São os rostos da desgraça; da deles ou da de outros. Raramente como analistas das situações, procurando explicá-las a partir de «dentro».

Para isso convocam-se «especialistas». Se possível «inovador». Pessoa de «sucesso».
Em biocoiso ou em microaquilo. Por vezes em qualquer coisa da Educação. Ou em opinião, apenas, graças à leitura de uma tese de mestrado sobre o formato das portas nas escolas de tipologia P3 no concelho de Vilarinho das Púcaras.

Os professores são vistos como aqueles que não conseguem «ver para além do seu quintal» ou do «seu mundinho». Que se movem «por interesses», em defesa «de privilégios». «Fulanizamos» as questões. Não temos uma «visão mais ampla» sobre os fenómenos. E estes são apenas alguns dos mimos que conhecemos e sofremos na pele. Eu incluído, a quem alguns comentadores acharam por bem, em dados momentos, colocar em causa competência e independência da matéria. E como eu quase todos os outros que tentam furar o muro, para ir para além das lamentações.

O professor do ensino não superior é uma espécie de cruzamento entre gambuzino e animal protegido (não sei se em vias de extinção, se por motivos de quarentena). Fala-se dele, diz-se que são muitos, mas raramente se encontram sem ser em «cativeiro».

Queremos um debate sobre Educação numa estação televisiva que se quer «de referência» em matéria de informação? Chamam-se um psicólogo e um advogado. Ou dois políticos. Ou um jornalista que à partida diz conhecer pouco do assunto, uma docente universitária com umas ideias sobre como manter a ordem numa aula, um historiador que deu seis meses de aulas numa associação num bairro problemático e uma opinadora assertiva que «até já deu aulas» na Damaia. Chega ter entrado numa escola e «dado umas aulas» e já se atingiu o Graal da sapiência na matéria. Até há um curioso espécime no universo destas coisas que evoca uma experiência passada há 30 anos como professor ocasional, para dar patine sabedora às suas posições.
Quem lá fica a fazer a sua vida profissional é que não percebe nada do assunto.
«Não se sabe distanciar».

O professor «básico» ou mesmo «secundário» só tem direito a voz e a opinar mais de 30 segundos se for representar alguma nomenklatura particular. Porque é representante de um sindicato, de uma associação ou qualquer outra função específica que, por regra, até implica que não exerça a docência como actividade principal.

Isto é patético e profundamente desrespeitoso.

Não falo por mim, pessoa algo rude no trato, pouco fotogénica e nem sempre simpática na forma como desgosto de sorrir de forma compreensiva para quem tem opiniões que me desagradam.
Falo por todos aqueles que sabem o que fazem, o que dizem e que estão habituados a reflectir sobre o seu papel na sociedade e sobre o sistema de ensino.

E que são sistematicamente ignorados, a menos que tenham sido gravados a ser desrespeitados numa aula ou que sejam acusados de ter abusado da sua ausente autoridade e tenham dado uns cascudos em alguém.

Nesse caso, temos o professor-vítima ou o professor-agressor com direito a câmara em cima da cara, com pixelização mais ou menos granulosa.

Os outros todos são uma espécie de paparucos.

Há que ir para a porta das Escolas ao amanhecer ou ao anoitecer e bater com um pau na calçada para conseguir vê-los e ouvi-los.




Nota pessoal.: Paulo eu não sabia que era uma "paparuca".
Foi dos textos que melhor reflectem o que os "paparucos" sentem quando assistem a debates como o de ontem na SIC notícias!!!
Em resumo VIVAM os PAPARUCOS !!!!

quinta-feira, março 27, 2008

Hoje algo diferente...

...para fugir ao enjôo que a próxima semana já me começa a causar.
Tenho saudades dos miúdos, pelo menos da grande maioria deles porque felizmente estou numa escola onde a grande parte dos alunos nos deixa saudades, mas só de imaginar que vou ter que voltar a pensar na ***** toda que esta gente inventou este ano para nos deixar à toa e no que pode vir por aí... até tenho náuseas!!!
Eu só quero dar aulas. Em paz!

Por isso ... vamos ouvir estes moços!

Etiquetas: , , ,

quarta-feira, março 26, 2008

Ana Gomes

Ana Gomes escreveu hoje um artigo de opinião no Blog "Causa Nostra" que me fez pensar que o PS ainda continua a ter alguém lá dentro que revela bom senso e alguma capacidade de avaliação do que se passa à sua volta.

Limito-me a transcrever o parágrafo final... diz tudo.

"Ele há limites para tudo. E momentos para intervir de forma exemplar. O Ministério da Educação precisa de mostrar que não é complacente com alguns e intransigente com outros. Que a lei e a disciplina é para todos e para fazer cumprir por todos. Pelos alunos também."

Para mais leiam aqui.

Etiquetas: , , , , , ,

segunda-feira, março 24, 2008

E qualquer dia....

... pois por lá está assim. Qualquer dia por cá estaremos iguais! Vai uma aposta???!!!!

Etiquetas: , , , ,

LOL


Que me perdoe o Antero...mas não resisti a colocar aqui mais um dos seus preciosos cartoons, intitulado: "Eu sei que não é muito pedagógico, mas..."

Etiquetas: , , , ,

sexta-feira, março 21, 2008

ONDE???????????!!!!!..................



O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, disse hoje, em entrevista à TSF, que o novo Estatuto do Aluno permite combater os casos de violência nas escolas e lamentou o caso da aluna que agrediu a professora na escola Secundária Carolina Michaelis por causa de um telemóvel.
Valter Lemos lamentou o caso que ocorreu no Porto e frisou que o Governo, ao aprovar o novo Estatuto do Aluno, deu às escolas um instrumento para reforçar a autoridade dos professores, bem como a proibição do uso de telemóveis nos estabelecimentos de ensino.«É necessário continuar a reforçar a autoridade dos professores nas escolas e das escolas sobre essas situações» de agressão, «para que possam agir de forma atempada e útil na resolução» de casos como o que ocorreu no Porto, sublinhou.

(???????????????????????????????????????)


O novo diploma permite que os estudantes passem de ano sem frequentar as aulas, desde que sejam aprovados nas provas de recuperação. A reprovação só ocorre se o aluno faltar sem justificação à prova de recuperação, ficando retido, no caso do básico, ou excluído da frequência da disciplina, no caso do secundário.


(Ora aí está o reforço da autoridade, eu é que não tinha reparado!!!!)
Este documento estipula que o prazo limite de faltas não justificadas é de duas semanas, se o aluno estiver no primeiro ciclo, e do dobro dos tempos lectivos semanais de uma disciplina, se o estudante frequentar os restantes níveis de ensino.
( mas serem justificadas ou injustificadas é igual...)
Epah!!!!!!!! Afinal a ministra tem razão... eu é que não sei ler como todos os professores...!!! Não sei INTERPRETAR!!!!
Para o pais interessados dêem uma vista de olhos
aqui.

Etiquetas: , ,

SEM PALAVRAS....

Na sequencia do video da vergonha do Carolina Michaellis no Porto... eis algumas preciosidades que li nos comentários do Público...

"eu concordo com o manel!a professora nao tem direito nenhum de sacar o tlm ha aluna se ela o tinha desligado! Mas se tinha o tlm ligado e que a professora a visse a mandar sms ai esta bem!mas se ela o tinha desligado nao tem direito nenhum de sacar o tlm!mas prontos isso para mim nao sao regras nenhumas!sinceramente!"

"Este exemplo só serve para confirmar que tipo de professores lecciona nas nossas escolas. Atribui-se a culpa toda à criança, quando a adulta que deveria estar preparada para lidar com estas situações, o faz como se estivesse num auspício. É absolutamente degradante como um video destes vem parar à net. Só pode ter sido realizado com a anuência dum professor."


"Notícia não esclarece: Porquê a Professora tirou o telemóvel à aluna? Estava ligado? Tirou o telemóvel à aluna ou disse-lhe para ela o entregar? Não bastaria dizer à aluna para desligar o telemóvel se este estivesse ligado? E se o telemóvel estivesse desligado a Professora tinha o direito de sacar o telemóvel à aluna? E se a professora sacou o telemóvel à aluna, esta não tinha o direito de exigir à professora a sua devolução? Perguntas que a notícia não esclarece. O Vídeo só mostra a aluna a solicitar o telemóvel à Professora e por isso não esclarece nada, mas também não mostra violência! Se o telemóvel é da aluna esta tem direito ao telemóvel, nomeadamente se o mesmo estava desligado. Ou será que se a aluna levar uma blusa que não seja do gosto da professora esta tem o direito de a arrancar da aluna? Repito: se o telemóvel estava desligado, a professora não tem o direito de "roubar" o telemóvel à aluna e por isso cometeu uma violência sobre a aluna que tem o direito a exigir legitimamente o telemóvel à professora como o fez. Se o telemóvel estava ligado a Professora devia pedir o telemóvel à aluna e entrega-lo no final da aula, esclarecendo a aluna que poderia prejudicar a aula. "


Pérolas.... da actual educação dos Portugueses... com gente desta que alunos podemos esperar ter.

Felizmente a maioria dos pais que temos neste país é sensato, educado e estão do lado dos professores .90% das outras opiniões manifestadas são sensatas e educadas.

Etiquetas: , , , ,

quarta-feira, março 19, 2008

Como me revejo nesta carta...

... e sem mais comentários passo a transcrever daqui por onde passo todos os dias!


“Danos colaterais ou as infelizes injustiças do processo de reforma da educação em Portugal”


Amadora, 4 de Março de 2008

Exm.ª e Digníssima Sr.ª Ministra da Educação


Quero, antes de mais, começar por afirmar que nada de pessoal me move contra a sua pessoa, com a qual já tive a oportunidade de privar cordata e elevadamente enquanto elemento do Conselho Executivo do meu Agrupamento de Escolas, apenas quero expressar frontalmente a minha mágoa e discordância face às políticas que o seu ministério tem vindo, apressada e atabalhoadamente, a implementar que para além da melhoria do sistema educativo (quero acreditar que essa será mesmo uma finalidade!), tem o objectivo claro, mas não afirmado para a opinião pública, de reduzir os custos do ME em recursos humanos educativos.
Como estou quotidianamente no terreno, tenho consciência plena do estado de alma e de espírito de muitos professores que, como eu, estão indignados com as alterações substanciais em termos de expectativas de carreira e de direitos laborais, dignamente conquistados em anteriores legislaturas, que a vil política do seu Ministério nos tem vindo a impor. A adesão maciça de mais de 2/3 dos professores do país à manifestação no passado Sábado (8/3/2008) é disso reflexo e, muito do que aqui vou expor, que é naturalmente pessoal, tem apenas a intenção de se constituir como um exemplo que possa representar muitíssimos outros casos similares que existirão por esse país fora, de professores que, como eu, se sentem injustiçados.
Disse meu Agrupamento de escolas com propriedade, porque a ele dediquei de alma, coração e brio profissional os últimos 16 anos da minha vida, senão vejamos:
Integrei sempre o Conselho Pedagógico (primeiro da escola e depois do Agrupamento de escolas); integrei, desde o início, a Assembleia constituinte, depois a Assembleia de Escola e depois a Assembleia constituinte do Agrupamento de escolas, às quais presidi durante 2 mandatos; integrei, por 3 mandatos, o órgão de gestão da escola/Agrupamento; fui Coordenador dos Directores de turma (Professor coordenador de curso) por 2 mandatos; fui por diversas vezes director de turma; liderei os processos de construção e de actualização do Projecto Educativo de Escola e do Regulamento Interno da escola e depois do Agrupamento de escolas; liderei, sem consultadoria prevista, o processo de construção do projecto do Agrupamento de escolas para a segunda fase dos TEIP, por si protocolado em primeiro lugar; liderei durante 6 anos o Projecto “Viva a Escola”, tendo a nossa escola integrado desde a 1.ª hora a Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde e uma das 10 a integrar a Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde; desde o 2.º ano de permanência na escola que dinamizo grupos-equipa de futsal, sempre com comportamentos e resultados muito dignos; para além disto fui sempre professor de Geografia e das novas áreas curriculares não disciplinares de Formação Cívica e Área Projecto.
Ao longo de todo este percurso orgulho-me de nunca ter feito nenhuma participação disciplinar de um aluno e os dedos de uma mão são demasiados para contar o número de vezes que apliquei ordens de saída da sala de aula. Até dos resultados escolares dos meus alunos tenho orgulho, apesar de trabalhar numa escola da Amadora, com um público-alvo complicado, maioritariamente proveniente de bairros sócio-culturalmente desfavorecidos e de países africanos de língua oficial portuguesa, com graves lacunas de base e dificuldades no acesso a recursos educativos fundamentais, para além dos problemas comportamentais que frequentemente apresentam.

Não fosse o congelamento da contagem de tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira docente, que vigorou, como é sabido, de 29/8/2005 a 1/1/2008, teria transitado para o 8.º escalão em 6/10/2006 (índice 245 do anterior estatuto da carreira docente). Não fosse o mesmo congelamento, teria completado os 18 anos de serviço docente necessários para efeitos de concurso para provimento de professores titulares, para o qual tinha os pontos mais do que suficientes para salvaguardar os quesitos exigíveis. Não tinha era ainda a experiência-tempo considerada suficiente para desempenhar as funções que se atribuem no Decreto-Lei nº 15/2007 aos professores titulares! Sr.ª Ministra, o tempo de serviço cumprido não é forçosamente sinónimo de trabalho de qualidade desenvolvido e experiência positiva adquirida, como facilmente o meu currículo pode atestar. Será que não tenho maturidade profissional (idade e tempo de serviço não tenho) para ter a experiência profissional necessária para desempenhar com qualidade as funções e atribuições nas estruturas de gestão intermédia que a lei confere aos professores titulares?!
Quero aqui expressar a minha profunda indignação e tristeza por viver num país em que o governo tem o colossal poder discricionário de pôr e dispor dos direitos constituídos dos cidadãos. Questiono-me se será legal e constitucional congelar a contagem de tempo de serviço que é efectivamente prestado, suspendendo, sem revogar, leis ainda vigentes? A ser legal e, pelos vistos será, na medida em que nenhum jurista arquitectou até agora argumento que o contrariasse, sinto-me profundamente vilipendiado nos meus direitos de cidadão e trabalhador honrado e brioso e enganado pelos meus governantes. Estou cansado (e só tenho 42 anos de idade) de carregar o país às costas por pertencer à classe social que mais “aperta o cinto”, paga as cíclicas crises económicas e suporta as engenharias financeiras para cumprimento dos critérios económicos de convergência europeia, com a agravante de integrar a função pública culpada por todo o despesismo excessivo do aparelho de estado. Coitados de nós!
Pago os meus impostos todos até ao último cêntimo, sem hipótese de fuga que force a despesas estatais para cobrança coerciva dos mesmos, perco poder de compra real há mais de uma década, com os não aumentos salariais, com os aumentos sistematicamente abaixo da inflação e até, atrevo-me a dizer, com a “subtracção” de tempo de serviço para progressão na carreira.
Sr.ª Ministra, desde 6/10/2003 que sou remunerado pelo índice 218 da tabela retributiva e, de acordo com as leituras que a lei e as orientações tutelares emanadas até ao momento para reposicionamento na nova carreira de professor, serei colocado no 4.º escalão, tendo ainda, de acordo com o meu tempo de serviço, que cumprir, na pior das hipóteses, mais 2 anos e 3 meses contados a partir da data de descongelamento da contagem de tempo de serviço (1/1/2008), que configura a minha transição para o 5.º escalão apenas em Abril de 2010 (neste caso estarei a ser remunerado pelo mesmo índice 218 durante quase 7 anos) e, na melhor das hipóteses, terei que cumprir mais 1 ano, 1 mês e 9 dias, o que fará com que mude para o 5º escalão em 9/2/2009 (nesta situação estarei a ser remunerado pelo mesmo índice 218 durante quase 6 anos). Recordo que na anterior carreira docente este índice deveria vigorar apenas durante 3 anos.
Quero lembrar a Sr.ª Ministra que organizei a minha vida em função das condições de remuneração e progressão na anterior carreira docente. Ingenuamente, não duvidei dos nossos governantes e, imbecilmente, contribuí com 3 filhos para o crescimento natural da população portuguesa, que tanto precisa de incrementar a sua natalidade para não ter de importar população e para salvaguardar a sanidade financeira do aparelho da segurança social futura do país. Comprei, ainda, com recurso a crédito, um modesto T3 em 2.ª mão, sem garagem, nem arrecadação e localizado no Casal de São Brás, que há 5 anos atrás me obrigava a um esforço mensal financeiro pouco acima dos 400€, que agora corresponde já a um valor acima dos 600€, apesar dos lucros astronómicos e das benesses fiscais que os bancos apresentam, como sabe, o dinheiro para o cidadão comum está muito caro!
Sr.ª Ministra na anterior estrutura da carreira docente, com 10 escalões, na qual se atingia o topo da carreira em 26 anos (a entrada na carreira fazia-se no 3.º escalão), esperaria alcançar esse desiderato em 2014 (não tendo acontecido o já falado congelamento). Com a nova estruturação da carreira chegarei ao topo da carreira de professor em 2013 ou 2014, mas com uma diferença salarial substancial: no antigo 10º escalão ganharia 3004,68€ (índice 340) e no actual 6.º escalão auferirei 2165,14€ (índice 245, ao qual deveria ter chegado em 2006 não tendo acontecido o congelamento). Estamos a falar num atraso de 7 ou 8 anos em termos remuneratórios, com uma diferença salarial superior a mais de 800€ mensais, convenhamos que é muito dinheiro! Para atingir o índice 340, admitindo que consigo ser um dos professores de excelência e consiga ter a sorte de abrirem vagas para professor titular na altura certa, precisarei de penar até 2026, ou seja até ter 60 anos para auferir aquilo que poderia auferir aos 50 anos de idade. Devo ainda recordar-lhe que nos processos de concertação social de governos anteriores a classe docente aceitou aumentos salariais menos substanciais por contrapartida da redução do número de anos de serviço necessários para se atingir o topo da carreira, conquistas que agora foram ignoradas e retiradas.
Sr.ª Ministra, qualquer merceeiro será capaz de fazer as contas para chegar à soma avultada de dinheiro que esta reestruturação da carreira docente que o seu ministério introduziu me vai sonegar ao longo da minha vida activa. Só lhe posso dizer que o meu sentimento é de fúria, ainda maior quando são públicas as somas avultadas que membros do estado e quadros técnicos superiores auferem, já para não falar das reformas chorudas que são pagas por tempo irrisório de serviço. Diga, duma vez por todas, ao país qual a verdadeira razão da actuação do seu Ministério que, óbvia e prioritariamente, é a redução dos gastos em recursos humanos educativos.
Sr.ª Ministra, os meus pais investiram, com muito custo e sacrifício, na minha educação e formação profissional e eu investi numa carreira em prol da educação do meu país, porque aceitei as regras então estabelecidas legalmente. Os meus pais e eu sentimo-nos profundamente vigarizados com tamanha mudança nas regras do jogo. Somos pessoas e as pessoas merecem ser tratadas com respeito e dignidade. Não o estamos a ser! As regras, a serem alteradas, deveriam afectar apenas quem agora entrasse na carreira docente. Em democracia, sempre me ensinaram que direitos conquistados não devem ser sonegados. Ou não será assim?!

Quero sublinhar que acho a avaliação de desempenho necessária e uma condição para discriminar positiva e verdadeiramente os melhores professores. Não tenho receio dela. Concordo com alguns dos princípios enunciados e até acho que a melhor forma de o fazer é através de pares, só que por pares com formação adequada, o que ainda não houve tempo para acontecer, e com tempo para consolidar e operacionalizar de modo ágil e coerentemente justo este novo modelo que nos é imposto. Antes de se implementar este modelo dever-se-iam criar nas escolas as condições necessárias para a sua execução, ao contrário daquilo que está a ocorrer em que o início da implementação do modelo é coincidente com o momento em que ainda se estão a desenvolver as condições para que o possa ser.
Quanto ao facto dos resultados escolares dos alunos deverem influenciar a avaliação de desempenho dos docentes, parece-me, antes de mais, que se trata de um critério profundamente discricionário, não sendo o mesmo ser professor numa escola central, numa do interior ou numa da periferia das maiores cidades, tamanha é a heterogeneidade dos alunos. Mesmo numa mesma escola existem turmas melhores e piores e não é a mesma coisa ser professor de Matemática ou de Língua Portuguesa e professor de Educação Física ou Moral, por exemplo.
Pertenço a uma comunidade educativa que recebe continuamente alunos estrangeiros, especialmente dos PALOP. A este propósito quero dizer que, a meu ver, esses alunos deveriam beneficiar de um ano zero para integração sócio-escolar e desenvolvimento das competências no domínio da língua portuguesa, situação que certamente custaria muito dinheiro, que o país não quer gastar, mas que seria pedagogicamente menos violenta para os alunos e para a escola e provavelmente possibilitaria melhores resultados escolares. De qualquer modo, sou professor de Geografia e lido bem com o imperativo de alcançar melhores resultados escolares para os meus alunos. Enquanto escola, também poderemos salvaguardar esse desiderato para todas as áreas disciplinares, criando mecanismos que permitam aferir os progressos dos resultados escolares dos alunos, temo é que, em termos de efectiva e real aprendizagem dos alunos, os resultados a atingir não sejam proporcionais e, nesse sentido, estejamos a contribuir ainda mais para uma literacia iletrada da nossa população futura. Reformulemos programas, reduzamos o número de disciplinas/áreas curriculares, acabemos com as avaliações sumativas intermédias na escolaridade básica e acolhamos melhor os alunos estrangeiros, talvez assim seja mais fácil construir um melhor futuro para a nossa população escolar e para o país.
Se em relação aos resultados escolares, os professores têm dificuldade em se assumir como principais responsáveis – então e os pais, as famílias? Então e os alunos que não estão atentos, que não trazem o material escolar necessário, que não estudam, que são indisciplinados? Então e a sociedade civil que se mobiliza pouco enquanto parceira educativa? Então e a entrada de alunos estrangeiros na escola, em pé de igualdade com os alunos que têm o português como língua portuguesa? Então e os programas extensos e os currículos desajustados face aos anseios actuais da população discente? Então e a avaliação sumativa final nacional aplicada num sistema avaliativo que é essencialmente formativo e contínuo e, por isso, flexível localmente? – Já em relação ao abandono escolar a nossa impotência é ainda maior. Sr.ª Ministra, nenhum aluno abandona a escola porque não gosta do professor X, Y ou Z. As razões do abandono escolar são, na maioria dos casos, exógenas à escola. Estão na família, no bairro, na marginalidade, na impunidade crescente dos jovens da geração “nike” que praticam furtos e outras actividades ilícitas que lhes possibilitam com facilidade acesso aos bens que ambicionam sem grande esforço nem punição. Naturalmente que já tive alunos que abandonaram a escola, sem nunca me ter sentido responsável por isso. Muitos deles passam pontualmente pela escola para visitar antigos professores e funcionários. Será que é porque não gostam deles?!
Diz-nos a coerência e a maturidade, que provavelmente a sua equipa ministerial ainda não terá, que a generalização de novos modelos deve ser precedida por períodos de experimentação a fim de se avaliar a sua eficácia, limar arestas e introduzir correcções, que não aconteceram nem para o novo processo de avaliação de desempenho dos professores, nem para o novo modelo de gestão e administração escolar. O primeiro é-nos imposto através de uma profusão, normalmente tardia, de normativos e regulamentos que desencadeiam uma catadupa célere de novas tarefas que induzem confusão e introduzem ruído pedagogicamente desaconselhável ao normal decurso das actividades de ensino e aprendizagem dos alunos. Já em relação ao segundo, não sei mesmo se seria aconselhável uma reforma radical do anterior modelo de gestão e autonomia das escolas, na medida em que a avaliação realizada indicou a existência de 86% de lideranças fortes. Sendo assim, talvez fosse apenas aconselhável uma reestruturação do mesmo no sentido de corrigir as situações minoritárias de liderança fraca. Então e o que de bom, de positivo e de potencial o modelo tinha, despreza-se?! Não será isto gerir mal o que de bom os recursos educativos têm em Portugal?! Sr.ª Ministra parece-me que o modelo que agora nos impõe vem ferir os fundamentos da gestão democrática das escolas, ao concentrar poder, quase absoluto, no director executivo. Bem sei que as escolas podem agora preocupar-se em regulamentar internamente normativos e preceitos que defendam o princípio da democracia. Contudo, o director executivo futuro pode não os vir a respeitar, na medida em que a lei a isso o não obriga de modo explícito. De qualquer forma, com este ou outro modelo de gestão, cá estaremos, eu e os meus colegas professores, para lutarmos e defendermos os interesses educativos desta comunidade escolar, assim a legislação não nos levante obstáculos!
Quero referir-me agora a uma das principais bandeiras da política do seu ministério – as aulas de substituição. Para o poderem ser, teria sido necessário proceder a uma avaliação séria do seu processo de implementação, o que me parece ainda não ter acontecido. Não sei se sabe mas, em muitas escolas, estas não existem para todas as situações de ausência de professores, por indisponibilidade de recursos humanos; numa parte considerável das mesmas não são trabalhadas questões da disciplina, apesar de obrigarem ao averbamento de faltas aos alunos na disciplina que têm em horário; para além de que uma parte considerável dos problemas de indisciplina que acontecem nas escolas, ocorrerem em aulas de substituição. Sr.ª Ministra, quando era aluno adorava ter “furos”, serviam para brincar, conviver e descontrair. Tive muitos, outros fi-los eu, e não fui, por isso, pior aluno, nem sinto que tenha tido maus professores, uma má escola e uma educação deficiente, antes pelo contrário. Quanto ao contributo das aulas de substituição para o sucesso escolar dos alunos, não existem, ainda, dados sólidos que o comprovem. Penso mesmo não existir uma correlação directa entre uma coisa e outra, porque em muitas delas não se exploram conteúdos programáticos, sendo apenas “entretidos” os alunos. Nesta perspectiva, é muito mais válido o processo de trocas entre professores para diminuir o absentismo docente e promover a aprendizagem.
Bem Sr.ª Ministra, esta carta já vai longa e, como pretendo que a Sr.ª ou alguém do seu gabinete a leiam na íntegra, resta-me terminar voltando a pegar numa das afirmações mais proferidas em termos de discurso do seu ministério para a opinião pública: “estas reformas na educação visam o superior interesse educativo dos alunos e a discriminação positiva dos melhores professores ”. Não percebo como se descriminam positivamente os melhores professores com quotas por agrupamento de escolas. Até parece que passa a haver uma carreira por agrupamento em vez de uma única carreira nacional! A existência de quotas tem em si mesmo, no meu entendimento, o único fim de dotar todas as escolas com o número mínimo indispensável de recursos humanos para assegurarem o desempenho das funções e tarefas de gestão intermédia, mesmo que em algumas escolas possam não existir professores que satisfaçam os requisitos exigíveis para o efeito e, noutras, o possam existir em demasia. Apesar de não concordar com a fractura da carreira em 2 corpos, penso que seria mais inteligente, no sentido de atribuir justiça e equidade ao processo, rodar professores entre escolas próximas para garantir as necessidades de gestão intermédia de todas as escolas pelos professores mais competentes sem ferir a premissa de nos encontrarmos todos na mesma carreira e em igualdade de direitos e oportunidades (na mesma óptica do concurso público para director de escola!!!), que é retirada através deste processo de dotação de vagas para titular escola a escola apenas para os professores que nelas leccionam.
A fractura da carreira é puramente uma medida economicista. Não faz sentido que numa carreira que se diz docente, a essência da docência, que é a leccionação, seja desvalorizada em relação a outras tarefas, muitas das vezes, apenas burocráticas e administrativas de gestão intermédia. Não entendo esta necessidade de separar os professores dos outros que têm a superior maturidade e competência necessárias para o competente desempenho de cargos de gestão intermédia, entre os quais, eu e tantos outros como eu, não têm, naturalmente, cabimento, por infelicidade madrasta! Devemos ser um dano colateral desta “guerra” que edificará os alicerces de um melhor futuro educativo para o nosso país!!!

Com respeitosos cumprimentos.

Orlando Rodrigues Fonseca
Professor de Geografia do quadro de nomeação definitiva do
Agrupamento de Escolas Cardoso Lopes



Nota: Esta carta será também enviada para a Presidência da Republica, para o Secretário de Estado da Educação, para a FENEPROF, para a CONFAP e para os gabinetes dos Secretários gerais dos partidos políticos PS, PSD, CDS-PP, BE e CDU.

Mais não digo porque poderia proferir alguns termos pouco próprios de uma professora!

Etiquetas: , , ,

quinta-feira, março 13, 2008

A propósito de Emídio Rangel...

Daqui retirei este cometário que subscrevo na totalidade. Não sei quem é a MARGARIDA, só lhe posso dizer que está de parabéns pelo excelente texto que escreveu.

"Em primeiro lugar, parabéns pela frontalidade desta carta aberta!

Vê-se e ouve-se tanta coisa, que, de facto, já não se aguenta ouvir e ler barbaridades como esta.

Sou professora e estive na manifestação com muito gosto. Porque quem está “lá em cima” precisa saber o descontentamento que vai “cá em baixo”. Porque os portugueses AINDA têm direito a manifestar-se, tal como salientou o Presidente da República. E porque o tempo em que as pessoas tinham medo de dar a sua opinião já lá vai…

Esse tempo de censura, medo de falar (não fosse haver algum delator mesmo ali ao lado…), opressão e falta de liberdade de expressão “foi-se” com o 25 de Abril. Embora às vezes pareça que está a voltar…Felizmente até o 25 de Abril foi lembrado nesta manifestação de “hooligans”, onde muitos ostentaram o símbolo da liberdade. E viram-se cravos vermelhos em bandeiras, cartazes, e como acessório ostentado por muitos e muitos professores.

Este sr. Emídio Rangel nem resposta merece, tal é a ignorância que revela sobre os assuntos da Educação. E como já dizia o outro, “vozes de burro não chegam ao céu”.

Por isso não respondo às suas ofensas, seria gastar o meu latim em vão… Porque quem pensa e escreve estas coisas só iria perceber o que nós professores sentimos, quando estivessem com uma turma à frente, mas daquelas com alunos que nem ao secundário chegam…

Uma turma de 24 alunos, com alunos brilhantes, bem comportados, que respeitam o professor, querem trabalhar, mas também com alunos NEE, alunos mal educados, alunos de quem até os pais se esquecem deles na escola, alunos que não fazem nada porque não lhes apetece, alunos que põem os colegas no hospital porque assim lhes apeteceu, alunos que gozam com o espaço escola porque têm tudo o que querem e acham que podem tudo, alunos mentirosos que subvertem a realidade e acusam os professores, etc, etc, etc.

Sim, porque estas mentes iluminadas que se insurgem contra os professores provavelmente até desconhecem que as escolas públicas têm alunos que as privadas e as universidades não têm.

Vejo muita gente a defender a srª Ministra e a dizer que também ela é professora. Cada um com a sua opinão, mas esquecem-se que a sr.ª Ministra pode ter dado aulas no ISCTE, mas de certeza que não teve certos alunos como os da escola básica. E de certeza que não teve que elaborar Planos de Recuperação para os alunos que indiciaram uma possível retenção à sua disciplina, e de certeza que não teve que elaborar Planos de Acompanhamento para os alunos que ficaram reprovados à sua disciplina. E aposto que a srª Ministra não pagou com o dinheiro do seu bolso material para actividades com os alunos, não limpou o vomitado de alguns, não segurou na mão de meninos sem qualquer higiene para lhes ensinar a segurar o lápis, a fazer os primeiros traços, não recebeu pais que não mostram qualquer respeito pela escola e pelo professor, etc, etc, etc.

Cada nível de ensino tem as suas características e não se pode misturar o professor do ensino superior com o professor do ensino básico e secundário. Cada um tem, obviamente, as suas particularidades e dificuldades de trabalho. Mas não se pode medir tudo pela mesma bitola. Simplesmente não se pode.

“Ah e tal…, eu dei aulas na Universidade.”
“Ah e tal…, eu dou aulas numa escola a crianças que estão a aprender a ler e a escrever.”

Mas o problema da educação é que se está a parecer cada vez mais com o futebol. Sobre o futebol toda a gente opina, todos sabem quem é que há-de jogar, porque é que este deve ser convocado, porque é que o outro tem de treinar mais… - são os chamados “treinadores de bancada”!
Na Educação parece-me que há os “professores de sofá”, que são aqueles que nunca deram aulas mas que mesmo assim sabem tudo sobre a Educação (fantástico!). Aqueles que não sabem como funciona uma Escola mas que mesmo assim falam como se percebessem muito do assunto.
Enfim…
Cumprimentos"

Cara Margarida.... bem haja por escrever palavras tão sábias!

Etiquetas: ,

TOGETHER





Hoje resolvi tirar partido do prazer que é ser professor sem me preocupar com "pseudoavaliações" do desempenho... etc.... etc...

Resolvi partilhar com os meus alunos uma aula diferente (uma aventura com aulas de 45 mn, monta/desmonta...). "Together" é uma canção de esperança... de amor ... Bob Sinclair o seu autor possui o condão de através de uma simples canção passar mensagens facilmente entendíveis por crianças.

Será certo dizer que foi uma aula diferente, motivadora para os alunos e essencialmente motivadora para mim (eu que preciso tanto de motivação) !!! Um excelente exercício de listening para os alunos, acompanhado do vídeo retirado do Youtube e que resultou plenamente.

Ser professor é isto. É tirar prazer também das aulas. Não são papeis, e papeis, e burocracias infindáveis que mal nos deixam tempo para pesquisar actividades do género para por em prática com os nossos alunos.

Por isso venho mais uma vez apelar.... Srª Ministra deixe-se de tretas e deixe-nos fazer o que sabemos melhor... ENSINAR!

Etiquetas: , , ,

quarta-feira, março 12, 2008

E eu também não...


Do blog do Antero... aqui vai mais uma...

Etiquetas: , , ,

Ora TOMA!!!!

Resposta a Emídio Rangel .......................................... TOMA LÁ!!!!!!!!!!


Ele disse tudo o que eu pensava e não me apeteceu responder.... há que dizer que o Corrio da Manhã também não é leitura habitual cá de casa.... mas agora NUNCA SERÁ... e por outras que conheço deixará de ser!!!

Etiquetas: , , ,

sexta-feira, março 07, 2008

E amanhã....por mim vai ser assim!

Desfile em silêncio até à Baixa. Palavras de ordem a partir daí.

Etiquetas: , , ,

terça-feira, março 04, 2008

Desabafos de uma professora...

Retirado directamente de um blog de Ramiro Marques passo a citar:



"Mais um depoimento de uma professora sobre o processo de avaliação de desempenho. Até queriam que ela pagasse as fichas de avaliação!
Hoje foi dia de me deparar com uma situação insólita na Escola Secundária de (omito o nome). Aprovadas as fichas de registo pelo Conselho Pedagógico, soube que estavam disponíveis na reprografia para todos os professores que as solicitassem. Assim fiz e foi aqui que me deparei com uma situação insólita.Diz-me a funcionária muito educadamente " Tem de pagar as fotocópias, srª professora." E em jeito de desculpa "São as ordens que eu tenho, srª professora."Confesso que pensei estar numa escola que tem a veleidade de me querer reduzir a pessoa acéfala, coisa que eu não sou."Não pago." respondi eu "Vou resolver o problema à direcção, mas garanto-lhe que não pago os instrumentos que vão condicionar a minha avaliação interna enquanto funcionária nesta escola."E toca de avançar escadas acima, com a papelada na mão, que é mais do que muita, constituída por Ficha Auxiliar da Avaliação da Planificação, Instrumento de Registo de Avaliação de Desempenho dos Professores - Observação de Aula, Instrumento de Registo de Avaliação de Desempenho dos Professores - Análise Documental, Ficha de Registo de Avaliação Efectuada pelo Director. Treze folhas no total.Lá chegada repeti "Não pago. Não pago as fotocópias de documentos internos desta escola, que eu tenho de analisar pois vão condicionar toda a minha avaliação." E acrescentei "Sinto-me insultada. Mais, sinto-me gozada. E não pago não porque não tenha dinheiro para pagar. Não pago por uma questão de princípio. Nem que fosse um cêntimo. Recusaria da mesma forma o pagamento. Tenho os meus impostos em dia que sempre cumpri escrupulosamente. Só me faltaria agora ter de pagar para ser avaliada pelo Ministério da Educação! Só me faltaria agora pagar a minha própria avaliação! Podem fazer uma lista negra, a começar por mim, daqueles que desobedecem às ordens superiores. NÃO PAGO. E podem até colocar-me um processo em tribunal. NÃO PAGO! SINTO-ME INSULTADA, ACHINCALHADA, GOZADA. E NÃO PAGO."E lá desci com as fotocópias na mão, sem as pagar, claro está, nervosa, alterada e irritada com a situação mesmo mesmo bem para ir leccionar uma aula (...)No intervalo seguinte quando entrei na sala de professores a primeira coisa que soube pelos meus colegas foi que o problema estava resolvido e as fotocópias seriam gratuitas para todos os professores.Cheguei a casa nervosa e com arritmias cardíacas. O clima está de cortar à faca e à mínima coisa poderá ficar completamente fora de controlo. Tive de tomar um calmante, logo eu que nunca tomo nada destas coisas! Deitei-me a dormir. Exausta.Alguém me tira deste filme?"








Ora pensei eu... cá pela minha escola felizmente que reina o bom senso! Mas ele há cada uma! Ora não basta pagar as canetas, o lápis, o papel, os tinteiros, os computadores (sim porque eu cá não estive à espera do fornecido no plano eescolas - o que pedi em Outubro ainda cá não chegou, deve estar à espera do polémico TGV para cá chegar... mas isso é uma história para outros contos), as impressoras... e afins agora a malta também tem que pagar do próprio bolso as fotocópias das fichas de avaliação?????.... Esta gente ensandeceu ou quê?????



Não tenho palavras para exprimir o que me vai na alma. Durante todo este tempo evitei falar em algo que me atinge tão profundamente que me chega a corroer por dentro... Faz-me mal abordar este tema...

Dão-me (tal como a esta colega) arritmias cardíacas, tenho que andar a tomar calmantes... roi-me por dentro como algo mau!



Por isso nem que seja por CATARSE... dia 8 lá estarei, independente, sem filiação politico-partidária, sem ser sindicalizada... mas consciente de que mais do que nunca me sinto desrespeitada na minha função de professora - PROFISSÃO que ESCOLHI.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, março 03, 2008

Momento Karaoke do MOMENTO!!!!





Leiam a letra e cantem!!!!....
Viva a classe docente!


ping!